À casa do senhor Egge, aquele que aprendeu a dizer não, chegou certo dia no tempo da ilegalidade, um agente exibindo um certificado expedido em nome daqueles que dominavam a cidade e dizendo que lhe pertencia toda a casa em que pusesse os pés; da mesma forma, pertencia-lhe toda a comida que ele pedisse; da mesma forma, deveria servi-lo todo homem que ele visse.
O agente sentou-se numa cadeira, pediu comida, lavou-se, deitou-se e perguntou, com o rosto virado para a parede, antes de adormecer:
- Tu vais me servir?
O senhor Egge cobriu-o com uma coberta, espantou as moscas em volta dele, vigiou seu sono e, assim como nesse dia, obedeceu ao longo de sete anos. Mas, se fazia tudo pelo agente, uma coisa guardou-se de fazer: dizer uma palavra que fosse. Quando se passaram os sete anos e o agente já engordara de tanto comer, dormir e mandar, o agente acabou morrendo. O senhor Egge enrolou-o em sua coberta deteriorada, arrastou-o para fora da casa, lavou a sala, caiou as paredes, suspirou e enfim respondeu:
- Não.
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