quarta-feira, 9 de junho de 2021

Terceira geração modernista do Brasil e Hilda Hist





A terceira geração modernista, também conhecida como Geração de 1945, desenvolveu temáticas e estéticas diversas às gerações anteriores. Nas fases precedentes, sobretudo na primeira fase modernista (1922-1930), havia uma grande preocupação em consolidar a Literatura nacional através de elementos que reforçavam a identidade brasileira nas diferentes manifestações artísticas.

 Os escritores da geração de 45 romperam com esse padrão, apresentando grandes inovações na pesquisa estética e nas formas de expressão literária.

Grandes escritores, preocupados principalmente com a pesquisa em torno da própria linguagem, surgiram, pois o contexto político, relativamente tranquilo em relação às gerações anteriores, fomentou o trabalho estético e linguístico, pois menos exigidos social e politicamente, puderam explorar com maior afinco a forma literária, tanto na prosa quanto na poesia. 

Em 1945, terminada a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, a ditadura de Vargas, o Brasil vivia um período democrático e desenvolvimentista, cujo ápice ocorreu nos anos de governo do presidente Juscelino Kubitschek.

Em virtude da grande discrepância com o padrão estético inaugurado por nomes como Mário e Oswald de Andrade e Manuel Bandeira — a tríade do Modernismo de 1922 —, muitos críticos literários consideram a terceira geração como pós-modernista, na qual se pode notar um rigor formal distante do proposto pelos precursores do movimento. Na poesia, um novo princípio literário surgiu, alterando assim a antiga concepção sobre o gênero: para os pós-modernistas, a poesia era a arte da palavra, rompendo assim com o caráter social, político, filosófico e religioso, muito explorado pela poesia da geração de 1930. Enquanto muitos retomaram a estética parnasiana, outros buscaram uma linguagem sintética e precisa, dando continuidade à estética de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes, grandes representantes da segunda fase modernista.

Na prosa, especialmente nos gêneros conto e romance, escritoras como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles aprofundaram a sondagem psicológica das personagens e introduziram inovações nas técnicas narrativas, quebrando a frequência e a estrutura do gênero narrativo, canonizado na fórmula “começo, meio e fim”. Outros escritores, como Guimarães Rosa e Mário Palmério, dedicaram-se ao regionalismo, estética muito desenvolvida nos anos 30, renovando-a. No caso de Guimarães Rosa, a inovação atingiu fortemente a linguagem, através do emprego do discurso direto e do discurso indireto livre, revolucionando vocabulário e sintaxe:

Destacam-se como nomes de maior expressão da terceira geração modernista:

→ João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
→ Clarice Lispector (1920-1977)
→ João Guimarães Rosa (1908-1967)
→ Ariano Suassuna (1927-2014)
→ Lygia Fagundes Telles (1923)
→ Mário Quintana (1906-1994)


Hilda Hilst nasceu em 21 de abril de 1930, em Jaú, no estado de São Paulo. Em 1952, formou-se em direito, mas exerceu a profissão apenas por um ano e decidiu se dedicar exclusivamente à literatura. Mais tarde, casou-se como o escultor Dante Casarini, e foram morar na Casa do Sol, lugar que se tornou um ponto de encontro de artistas.


 Hilda Hilst nasceu em 21 de abril de 1930, em Jaú, no estado de São Paulo. Sua mãe — Bedecilda Vaz Cardoso — era portuguesa, e seu pai — Apolônio de Almeida Prado Hilst — era produtor de café e escritor. Quando o casal se separou, em 1932, a mãe da poetisa, com os filhos, mudou-se para a cidade de Santos. Três anos depois, Apolônio recebeu o diagnóstico de esquizofrenia.

A escritora começou a estudar, em regime de internato, no colégio de freiras Santa Marcelina, na cidade de São Paulo, em 1937. Ao sair do internato, em 1944, passou a morar na casa da senhora Ana Ivanovna, ainda em São Paulo. No ano seguinte, iniciou seus estudos no Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1948. No ano seguinte, conheceu a escritora e amiga Lygia Fagundes Telles. Em 1950, publicou seu primeiro livro de poesia: Presságio. Quando se tornou curadora do pai, em 1951, faltava um ano para concluir o curso de direito.

De 1953 a 1954, trabalhou em um escritório de advocacia, mas percebeu que não tinha talento para o direito e que devia se dedicar exclusivamente à literatura. Assim, depois de fazer uma viagem ao Chile e Argentina, voltou a morar com a mãe. Contudo, em 1957, decidiu morar em Paris durante seis meses, e, em 1960, esteve em Nova Iorque.

Após conhecer o escultor Dante Casarini, em 1963, os dois iniciaram um relacionamento amoroso. No entanto, no ano seguinte, ocorreu o golpe militar, e a ditadura se instalou no país. Nesse mesmo ano, Hilda Hilst hospedou o físico Mário Schemberg (1914-1990) em sua casa, em São Paulo, já que ele estava sofrendo perseguições, por ser de esquerda.

Hilda decidiu, no ano de 1965, morar com Dante Casarini na fazenda de sua mãe, em Campinas. Batizou a casa que construiu ali de Casa do Sol. Assim, em 1968, casou-se com Casarini, por pressão da mãe, pois a escritora não acreditava na fidelidade conjugal nem queria ter filhos. Eles se divorciaram em 1985, mas o então ex-marido permaneceu na Casa do Sol até 1991, pois continuaram unidos pelos laços da amizade.

Foi em 1968 que Hilda Hilst conheceu o escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), com quem desenvolveu uma grande amizade. Além dele, outros artistas moraram na Casa do Sol, que se tornou um reduto cultural. Entre eles, José Luís Mora Fuentes (1951-2009), Olga Bilenky e Edson Costa Duarte.

Características literárias da obra de Hilda Hilst

Hilda Hilst é considerada uma autora pertencente à terceira geração modernista (ou pós-modernismo). Por isso, suas obras apresentam características como:

  • Fluxo de consciência
  • Questões existenciais
  • Caráter intimista
  • Fragmentação

No entanto, as obras da autora possuem algumas peculiaridades:

  • Ironia
  • Erotismo
  • Hermetismo
  • Linguagem obscena
  • Foco no universo feminino
  • Narrativa não linear
  • Mistura de gêneros literários
  • Uso de palavras de diversos idiomas




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